Câncer e a Lua: meu mundo e nada mais
- lua
- 21 de nov. de 2024
- 2 min de leitura
Atualizado: 27 de nov. de 2024
A Lua é a personificação do nosso mundo interior. Aquele que é formado ainda quando estamos na barriga da nossa mãe e nunca é extinguido. Mesmo que se modifique ao longo do tempo, nunca é uma atualização completa: sempre que dermos uma olhadinha para dentro, lá estarão as nossas coisas, do jeito que a gente deixou. Camadas e mais camadas de memórias e lembranças que não passam umas por cima das outras; existem simultaneamente e, volta e meia, ressurgem como se o tempo não tivesse passado.
Pessoas regidas fortemente pela Lua costumam conservar a doçura e a inocência da infância no olhar, no modo de agir e, até mesmo, na aparência. Prezam por manter os hábitos dos seus primeiros anos de vida, retornando constantemente ao seu mundo primordial. A Lua possui fases sim, mas essas fases se repetem. É um modo efetivo de segurança: a vida muda, as pessoas a minha volta mudam, o mundo gira, dá voltas e voltas, me modifica, muitas vezes me fere, me tira do conforto do meu lar e me separa da minha mãe; mas eu volto, eu retorno sempre às minhas raízes. Esquecer, a Lua não esquece nada. Guarda tudo. Vai que um dia precise.
O desejo lunar é o de estar eternamente nesse mundo interior e, quando sai, sai com tudo o que há dentro dele; leva a casa para onde for. Que habilidade! Normalmente, às escuras, às cegas, guiada pela intuição. "À meia-noite, à meia luz" - "Como ser capaz
de enxergar um novo dia". A Lua rege a casa 4, a casa de Câncer, o fundo do céu. Do céu, não do mar. O fundo do céu é a nascente do Sol. O dia começa de noite. Não à toa a casa 4, da Lua, antecede a casa 5, do Sol. A Lua prepara o dia, abranda, afaga, acaricia. A luz da Lua é do Sol. O dia sempre amanhece.
Essa música do Guilherme Arantes me transporta para um cenário bem específico. Escutava ela no rádio que ficava do lado da minha cama quando eu era adolescente, olhando pela janela de madrugada e imaginando quem seriam as pessoas que também estavam acordadas nas janelas e sacadas iluminadas do entorno. Não descobri muitas. A minha janela sempre às escuras, meu rádio sempre ligado e eu sempre sonhando.
Quando eu fui ferido
Vi tudo mudar
Das verdades
Que eu sabia
Só sobraram restos
Que eu não esqueci
Toda aquela paz
Que eu tinha
Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando!
Daria tudo, por um modo
De esquecer
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais
Não estou bem certo
Que ainda vou sorrir
Sem um travo de amargura
Como ser mais livre
Como ser capaz
De enxergar um novo dia
Eu que tinha tudo
Hoje estou mudo
Estou mudado
À meia-noite, à meia luz
Pensando!
Daria tudo, por um modo
De esquecer
Eu queria tanto
Estar no escuro do meu quarto
À meia-noite, à meia luz
Sonhando!
Daria tudo, por meu mundo
E nada mais
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