Áries: o mais nobre dos errantes

Há tempos venho refletindo sobre a letra dessa música e como ela expressa a energia marciana - principalmente em relação ao signo de Áries - muito além da frase "Sou ariano torto, vivo de amor profundo" que já escracha o signo.

O título "Nobre vagabundo" já remete ao signo de Áries de cara: vagabundo, errante simplesmente porque não há como não ser sendo o primeiro signo. Áries não é apenas um caminhante, é o que puxa a fila e é o que vagueia em busca nem ele sabe do quê; é puro instinto. Nasceu e quer sobreviver. Aqui mora a nobreza ariana: a coragem de dar o primeiro passo sem mesmo se dar conta do tamanho da coragem que é dar o primeiro passo.

Quanto tempo tenho pra matar essa saudade?

Quanto tempo, de fato, temos a partir do início? Quanto tempo temos a partir do momento que nascemos para matar a saudade de viver? Seria a pressa, saudade? Meu bem, o ciúme é pura vaidade

Sendo o primeiro, é humanamente impossível que Áries não necessite atravessar ciúmes, possessões e disputas relacionadas a vaidade; jogos de aparência, jogados por personagens que são criados baseados em experiências alheias. Como não se deparar com isso, sendo que Áries não tem referência antes dele? Se tu foge, o tempo logo traz ansiedade

Ansiedade talvez seja o jogo sem ser jogado; o jogador não assumido que deixa o jogo escolher as jogadas. Esperar a próxima jogada do jogo gera ansiedade - e também adrenalina. Ansiedade vicia? Respirar o amor, aspirando liberdade

A liberdade de se jogar no jogo só existe pela certeza do amor que gera o próprio jogo. Se arriscar no próprio tabuleiro. Viver vicia!

Tenho a vida doida, encabeço o mundo

Áries é a cabeça em si. De si, primeiramente. O bom de encabeçar a si mesmo é a intimidade que se faz com a própria loucura. Saber encontrar a cabeça quando ela, eventualmente, se perde. Sou ariano torto, vivo de amor profundo

Áries tomou a dose completa da vida. A motivação ariana é o amor puro e profundo que se sente ao nascer. Nascer é descobrir um mundo que antes estava coberto e agora se abre diante de si. Sou perecível ao tempo, vivo por um segundo

É se apaixonar pela vida toda vez porque toda vez a vida é nova. O tempo todo passa o tempo todo. O que se vive nesse segundo é impossível de ser vivido novamente. O que está disponível agora, está disponível - dessa exata maneira - somente agora. Perdoa, meu amor, esse nobre vagabundo

Ás vezes a gente esquece de aproveitar isso que está disponível agora e quer o que ainda não chegou - ou àquilo que já foi. Imperdoável simplesmente porque não há o que ser perdoado. Pegadinha do jogo. Seguimos :)

Letra de Marcio Mello

Interpretação de Daniela Mercury