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Plutão, Deus da Morte e regente de Escorpião: se não quiser morrer, não esteja vivo

  • Foto do escritor: plutão
    plutão
  • 14 de dez. de 2022
  • 2 min de leitura

Atualizado: 27 de nov. de 2024

Talvez Plutão, por enxergar tudo de baixo, por baixo e - de um certo modo - por fora (já que foi excluído do Sistema Solar), consiga observar claramente a beleza existente nesse ponto que é colado à vida: a morte. A beleza da morte é justamente o pré-requisito de se estar vivo. A beleza da vida é tudo o que acontece nela - é visível. A beleza da morte é invisível. Uma flor murcha, uma fruta mofada, um alimento em decomposição. Nada disso é belo ou perfumado. A beleza disso tudo está na transformação. Está na passagem em si, de um estágio a outro. Plutão rege Escorpião. Signo fixo. A passagem de um estado a outro é fisicamente sentida, é palpável, é dolorida, marca! É como uma picada ou uma ferroada. É carnal e pessoal. A dor é pessoal, instransponível, íntima. Só eu sinto o que eu sinto e como eu sinto, não há como compartilhar. Pra compartilhar, somente se eu transformar, reciclar, ressignficar e direcionar esse sentimento todo para construir novas formas de vida. A beleza que Plutão enxerga está na reconstrução, na readaptação do solo, na transformação do que estava putrificado em adubo para uma nova vida, cuja única certeza que se tem sobre ela é que um dia também irá morrer e servirá de alimento para outras e assim sucessivamente. Plutão não tem dúvida alguma da existência dos ciclos da vida, das fases que vão - de uma a outra - nos levando. Aqui reside a sua força. A morte é o seu amuleto: sempre tem mais vida na sequência.


Flores mortas não são belas. Bela é a continuidade que elas se propõem. Flores reais possuem tempo de vida curto, morrem e se tornam adubo - para si mesmas e para o jardim aonde estão plantadas. Flores de plástico permanecem intactas, se acumulam, se entulham e poluem. São descartáveis. Não morrem porque não vivem. São adereços, enfeites, ornamentos do faz-de-conta. Decoração. Não são inúteis - muito pelo contrário - apenas são de outro departamento. São coisas.


Flores


Olhei até ficar cansado De ver os meus olhos no espelho

Chorei por ter despedaçado As flores que estão no canteiro


Os punhos e os pulsos cortados E o resto do meu corpo inteiro

Há flores cobrindo o telhado E embaixo do meu travesseiro

Há flores por todos os lados Há flores em tudo que eu vejo


A dor vai curar essas lástimas O soro tem gosto de lágrimas

As flores têm cheiro de morte A dor vai fechar esses cortes

Flores Flores

As flores de plástico não morrem


Letra e interpretação: Titãs



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